O ser humano é
complexo. Suas múltiplas facetas --- biológica, racional, emocional,
espiritual, social --- funcionam como um sistema. Não há como um ser humano
expressar-se exclusivamente como biológico ou somente como racional, ou somente
como emocional, ou somente como espiritual. Essas facetas dão distintas, mas
não separadas. Ao contrário, funcionam sistemicamente.
Todas as facetas
atuam em conjunto, ainda que, em determinadas ações, uma delas seja a
predominante na expressão do momento. Praticando esportes, não há como não ser,
ao mesmo tempo, biológico, racional, emocional, espiritual; de forma
semelhante, não haverá como um pesquisador, ao praticar investigação
científica, suspender --- e muito menos suprimir --- uma dessas facetas. Elas
compõem complexamente o ser humano.
A primeira faceta
a estar presente em qualquer um dos nossos atos ou nossas reações é o fator
emocional. Isso é facilmente observado. É o fator emocional que dá permissão,
ou não, para que alguma ação se realize.
O fator emocional
é tão poderoso na vida humana, que pode gerar doenças, incapacidades, desvios,
reatividade, incapacidade para perceber determinados detalhes da realidade, mas
também é base para um acolhimento, amoroso, para a aceitação de determinadas
situações, para o investimento nas necessidades da vida...
Então, o educador,
para auxiliar o educando na sua formação emocional, necessita ser o “adulto da
relação pedagógica”, ou seja, aquele que cuidando de si mesmo e, pois, sabe
quando e como pode (e deve) responder “com inteligência” aos atos dos
educandos.
Um educador que
reage aos educandos intempestivamente --- a partir de suas marcas biográficas,
psicológicas, dificilmente poderá auxiliar os educandos a tomarem posse de si
mesmos, pois que esse seu modo de ser estimulará também respostas intempestivas
por parte dos educandos; daí a necessidade do educador ser o adulto da relação
pedagógica. A toda ação, se dá uma reação de mesma proporção --- nos ensina a
física. Se a ação ou reação do líder (no caso, o adulto na relação pedagógica)
é intempestiva, a ação ou reação do liderado (o educando, na prática
pedagógica) também o será.
Se o educador
ocupar o lugar de adulto da relação pedagógica, em qualquer área que estiver
atuando --- atividade física, teatralização, ensinando conteúdos das diversas
matérias... ---, estará subsidiando os educandos na formação de sua faceta
emocional. Os educandos estarão sendo liderados por alguém que, sendo adulto
--- o que quer dizer com maturidade emocional ---, além das capacidades
cognitivas necessárias para ocupar o lugar que está ocupando ---, saberá
manejar as relações de modo saudável, fluido, integrativo.
A expressão
“inteligência emocional”, utilizada por Daniel Goleman, em seu livro Inteligência emocional, expressa bem
isso, ou seja, ser capaz de administrar a faceta emocional pessoal, de tal
forma que viabiliza uma relação satisfatória com o mundo e com os outros,
No caso da relação
pedagógica, o educador, como líder da sala de aula, ao lado de todos os outros
ensinamentos --- tais como “domínio do corpo”, “elaborações conceituais”, “sensibilidade
musical”, “capacidade de escrever”, “capacidade de expressar-se em público”...
--- oferece aos educandos oportunidade de aprendizagem da administração da vida
com “inteligência emocional”, isto é com sabedoria.
Conjuntamente com
todas as outras atividades escolares, a aprendizagem do domínio e uso saudável
dos estados emocionais se traduzirão na vida do educando em recurso que
utilizará no estágio de desenvolvimento em que estiver, enquanto se encontra na
escola, como também, posteriormente, já egresso da escola. Uma aprendizagem
satisfatória, isto é, que se transformou em conduta habitual, será útil no
presente como no futuro.
Contudo, importa
que seja uma aprendizagem efetivamente satisfatória, o que implica ter presente
todas as facetas do ser humano, como assinalamos anteriormente.
Como o
desenvolvimento da inteligência emocional e seu uso no cotidiano escolar será
recurso fundamental para as práticas avaliativas?
Evidentemente que
a inteligência emocional é recurso fundamental para a vida, segundo a segundo.
Ela é o suporte de nosso equilíbrio em todos os nossos atos cotidianos. E, como
a prática avaliativa é um ato humano cotidiano, a posse de estados emocionais
satisfatórios auxiliará o educando, de um lado, a ter consciência de si (autoavaliação),
assim como poder colocar-se em situações de heteroavaliação e, com posse
emocional de si mesmo, poder expressar o seu desempenho.
Para se aprender a
administrar emocionalmente a vida, com inteligência e sabedoria, não é
necessário que, na prática educativa, os educandos sejam colocados em situações
de stresse, sejam elas quais forem, inclusive através dos recursos da heteroavaliação.
Heteroavaliação
não deve ser uma oportunidade de ameaças, mas sim de administração inteligente
da vida, tanto por parte do educador como por parte do educando.
Contudo, como o
educador, em sala de aula, deve ser o adulto da relação pedagógica, importa que
ele, em primeiro lugar, use com adequação e justeza sua inteligência emocional,
permitindo que também os educandos aprendam a se conduzir dessa forma.
O ato de avaliar é
simplesmente o ato de investigar a qualidade da realidade e, se necessário, a
partir da qualidade identificada, tomar decisões de novos investimentos na busca
do melhor resultado. O ato pedagógico é uma ação e, como tal, visa obter o
melhor resultado (ninguém, em sã consciência, investe na obtenção do negativo).
Daí a prática avaliativa, na sala de aula, ser, entre muitas outras
oportunidades, uma excelente situação para o ensino, a aprendizagem, o
desenvolvimento e o uso da inteligência emocional para educadores e educandos.
Todos emocionalmente focados no sucesso, nunca no confronto, no castigo ou no fracasso. O educador, como líder da sala de aula (seu gestor), pode e deve dar-lhe o tom de vida, de lugar que se convive bem, para produzir o melhor resultado. De alegria, afinal!
Todos emocionalmente focados no sucesso, nunca no confronto, no castigo ou no fracasso. O educador, como líder da sala de aula (seu gestor), pode e deve dar-lhe o tom de vida, de lugar que se convive bem, para produzir o melhor resultado. De alegria, afinal!
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