SENSO COMUM. Nas conversas diárias e habituais no contexto escolar, e, pois, no âmbito do senso comum, o termo “aprovação” --- que tem seu correlato em “reprovação” --- está comprometido com a ideia de promover um estudante, comumente de uma série para outra, frente ao conjunto de acertos que teve em uma prova, uma redação, um relatório, ou coisa semelhante.
SENSO CRÍTICO. “Aprovar”, no entanto, no âmbito de um olhar crítico, significa que consideramos que uma determinada realidade apresenta a qualidade “satisfatória”. Nesse contexto, no cotidiano, dizemos: “aprovo sua conduta”, “aprovo o sabor desta comida”, “aprovo a solução que você encontrou para a situação problemática que estávamos vivendo”, “aprovo a roupa que você fez para mim”, “aprovo a turnê que você escolheu para nossa viagem”, “aprovo a roupa que você escolheu para se fazer presente na festa de formatura de nossos estudantes”... e, dessa forma, por diante.
Então, “aprovar”
significa dizer que: (01) “investigamos a qualidade de alguma coisa (ato,
produto, resultado de uma ação)” e, a seguir, (02) “com base no resultado dessa
investigação”, (03) “emitimos nosso parecer de que a qualidade dessa realidade
é satisfatória”.
Nos projetos de
ação, esse parecer de aprovação decorre do nosso investimento sucessivo até
obter o patamar de satisfatoriedade naquilo que colocamos como nosso objetivo,
definido no momento em que decidimos “fazer alguma coisa” (agir).
Quando temos um
projeto de ação, não apostamos num resultado insatisfatório ou médio; desejamos
e investimentos no melhor resultado ou no resultado perfeito. Para isso, dispomos
de um projeto e praticamos sua execução de forma controlada.
Por exemplo, o
diretor de uma peça teatral não desiste dos ensaios com seus artistas enquanto
eles não apresentam um desempenho plenamente satisfatório (seu objetivo); um,
cozinheiro não desiste da preparação do prato de alimento que está elaborando, enquanto
ele não chega ao ponto de sabor e cozimento (seu objetivo); uma costureira não desiste
da roupa, que está costurando, enquanto ela não adquire a qualidade de perfeição
e beleza desejada (seu objetivo); e, assim, todos os atos na vida humana. Desse
modo, em todos os atos da vida humana, buscamos construir o melhor e o mais satisfatório
resultado. “Aprovamo-lo” quando atingimos esse patamar de qualidade. Apostamos
no sucesso e, por isso, investimos em sua busca.
Porém, na escola,
não temos o hábito de apostar no sucesso, assim como não mantemos o hábito de,
para nele chegar, investir... investir... investir. “Damos aulas” e esperamos
que os resultados sejam positivos. “Dar aula” é diferente de “ensinar”. “Dar
aula” equivale a “jogar sementes ao vento”; “ensinar” equivale a cuidar para
que se aprenda. No caso, “damos aulas” e “esperamos” que nossos estudantes
tenham aprendido. Usualmente, “esperar” não se revela uma boa estratégia para
se chagar a resultados desejados.
É comum, em nosso
cotidiano, que, ao final de um período de atividades pedagógicas escolares, através
de testes (nem sempre elaborados com o rigor metodológico necessário), procuramos
saber se os estudantes aprenderam aquilo que apresentamos em nossas aulas. Caso
nossos estudantes manifestem não ter aprendido, os “reprovamos”.
Essa conduta de “reprovar”,
em princípio, significaria que nossos estudantes --- mesmo com todo nosso investimento
--- não aprenderam aquilo que ensinamos. Então, cabe a pergunta: “Será que investimos
e reinvestimos na construção da aprendizagem de nossos estudantes?
Caso revelem que não
aprenderam --- e desejamos que eles aprendam ---, não há outro caminho a não
ser investir mais, desde que esse é o padrão geral da conduta humana: agir,
avaliar e reinvestir até chegar ao resultado desejado, isto é, ao resultado “aprovado”.
CONCLUINDO. Então “aprovar um
resultado”, no caso dos projetos de ação, significa “construir um resultado”
plenamente aceitável, do ponto de vista de sua qualidade. De forma alguma,
significa “esperar” que o resultado positivo chegue. Não. Ele não chega, à
media que depende de investimento.
O “aprovado” não
é dado, é “construído” e isso, no caso humano, tem mais a ver com “quem constrói”
do que com “quem é construído”. Nós educadores somos gestores da aprendizagem
de nossos educandos. Para isso servem os recursos metodológicos.
O convite é: “construir
a aprovação”, como se constrói em todos os outros atos cotidianos do ser humano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário