Cipriano Luckesi
Contato --- ccluckesi@gmail.com
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Ao agir, buscamos
o resultado bem-sucedido de nossa ação.
Remexendo no baú
da memória, não consigo identificar uma única situação em que um ser humano, ao
agir, tenha apostado no insucesso de sua ação, que “daria tudo errado”.
A ação e o seu
resultado podem representar uma distorção social e/ou ética do sujeito que está
agindo, contudo, por si, está apostando que sua ação vai ter sucesso, mesmo que
seja negativa para todos os outros. Ele terá sucesso, ainda que em detrimento
dos outros. O “em detrimento dos outros” tem a ver com ética; então, pode haver
uma ação bem-sucedida para o agente, ainda que eticamente indevida. No caso,
todo sujeito que age aposta no sucesso de sua ação.
A parceira mais
significativa e essencial para a conquista de resultados bem-sucedidos num projeto
de ação, seja ele qual for, é a avaliação.
Epistemologicamente,
se define o ato de avaliar como “o ato de investigar a qualidade da realidade”,
ou seja, tem como destino “revelar a qualidade da realidade”. Como na relação ciência/tecnologia,
são os resultados da investigação avaliativa --- no caso, como “leitura da
qualidade da realidade” --- que podem subsidiar decisões. No caso da avaliação,
esses determinados resultados podem ser utilizados de dois modos: modo
classificatório e modo diagnóstico.
O modo
classificatório subsidia a classificação da ação ou do sujeito em avaliação. Na
escola, ao final da ação pedagógica, o estudante é classificado em aprovado ou
reprovado. Numa competição esportiva, os participantes são classificados
segundo uma escala descendente: 1ºlugar, 2º lugar, 3º lugar... O mesmo ocorre
num concurso público, onde os candidatos são classificados segundo uma escala.
O modo de uso classificatório dos resultados de uma ação qualquer assume que a
ação chegou ao seu final; não há o que ser feito.
O modo
diagnóstico de uso dos resultados da investigação avaliativa opera subsidiando
a construção dos resultados da ação, que se deseja que sejam satisfatórios. A
ação ainda está em curso, por isso, o agente pode investir mais e mais na busca
do resultado desejado; está no espaço da construção. Então, a avaliação --- no
modo diagnóstico de uso do resultado da investigação da qualidade da realidade
--- possibilita que o sujeito da ação aquilate se já atingiu, ou ainda não, a
qualidade desejada para o resultado de sua ação. Se sim, ótimo; se não e se se
deseja um resultado mais significativo do que aquele que já atingiu, há que se investir
mais e mais.
No meio da
educação formal, de modo constante --- para não dizer quase que exclusivo ---,
se faz “uso do modo classificatório” dos resultados do ato de avaliar. Todos
--- gestores da educação, educadores em sala de aula, pais, estudantes --- investem
pouco, ou quase nada, no uso da avaliação sob a ótica diagnóstica.
Todavia, importa
compreender que ambas as modalidades de uso dos resultados do ato avaliativo
são fundamentais. O uso diagnóstico subsidia a construção dos resultados
desejados e o uso classificatório expressa o convite para investir no resultado
final com qualidade positiva.
Ou seja, quando
alguém inicia a investir num projeto de ação --- seja ele qual for, inclusive,
evidentemente, o projeto da aprendizagem dos educandos na sala de aula --- tem
como meta a obtenção do resultado satisfatório decorrente de sua ação.
No caso do uso
diagnóstico e do uso classificatório dos resultados da avaliação, o uso diagnóstico
“subsidia” a construção do resultado desejado e o uso classificatório “define”
o limite da qualidade dos resultados a serem atingidos, ou seja, a
satisfatoriedade. Em se tratando da sala de aulas, o limite classificatório
expressa a “qualidade da aprendizagem à qual todos devem ser conduzidos”; o que
implica em que o educador vai trabalhar para que isso efetivamente ocorra.
A distorção no
uso dos atos avaliativos ocorre quando o educador obscurece a relação entre as
duas modalidades de uso dos resultados do ato avaliativo, fixando-se de modo
predominante ou exclusivo no uso classificatório.
O convite é para que o educador em sala de aula sirva-se dos dois usos dos resultados do ato avaliativo, servindo-se do primeiro --- diagnóstico --- como recurso para se chegar ao segundo --- classificatório. Na sala de aula, diagnosticar sempre, com as sucessivas tomadas de decisão, tendo em vista classificar todos os estudantes sob sua orientação no nível necessariamente satisfatório de aprendizagem.
O convite é para que o educador em sala de aula sirva-se dos dois usos dos resultados do ato avaliativo, servindo-se do primeiro --- diagnóstico --- como recurso para se chegar ao segundo --- classificatório. Na sala de aula, diagnosticar sempre, com as sucessivas tomadas de decisão, tendo em vista classificar todos os estudantes sob sua orientação no nível necessariamente satisfatório de aprendizagem.
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