Cipriano Luckesi
Contato --- ccluckesi@gmail.com
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INTRODUÇÃO
Pretendo, neste
texto, tratar da questão do nosso investimento de educadores regulares na
democratização social através de nossos cotidianos atos de ensinar estudantes
sob nossa reponsabilidade no cotidiano escolar. Parto, (01) da compreensão da
força que nós educadores temos em mãos, como mediadores no processo de
aprendizagem e desenvolvimento dos nossos estudantes, na perspectiva de estamos
investindo na democratização social; passo, a seguir, (02) para uma compreensão
de recursos para uma prática pedagógica consistente, onde professor ensina e
estudante aprende; prossigo, (03) lembrando das posturas necessárias de nós
educadores no investimento na aprendizagem dos nossos educandos; e, por último,
(04) abordo a avaliação nas práticas educativas escolares como nossa parceira
na conquista do sucesso em nossa atividade, contribuindo dessa forma para a
democratização social.
Certamente que é
um projeto de longo alcance, em termos de tempo, desde que na história e na
construção de significativas mudanças a demanda de tempo sempre se faz
presente. Nossos investimentos não produzirão modificações na vida humana
amanhã, em termos de dias, mas será significativa no amanhã em termos de futuro.
01 - CONTRIBUIÇÃO DO ENSINO-APRENDIZAGEM PARA
A DEMOCRATIZAÇÃO SOCIAL
Democratização
social significa que todos os cidadãos podem participar, em situação de
igualdade, da vida individual e coletiva. Para que isso ocorra, importa
recursos. Claro, o ideal seria que os recursos econômicos fossem efetivamente
distribuídos para o bem-estar de todos. Contudo, sabemos que, no contexto desse
fator e de múltiplos outros, vivemos numa sociedade de desiguais. Também vale
ficar ciente de que a educação, por si e diretamente, não tem poder suficiente
para proceder essa distribuição. Porém, tem um poder indireto, formando
sujeitos capazes de buscar e exercitar seus direitos, com base em suas
habilidades construídas no cotidiano de nossas escolas.
Hoje temos no Brasil,
segundo o Censo Escolar de Educação Básica, 2016, INEP, 180.100 (cento e
oitenta mil e cem escolas de ensino básico), nas quais atuam 2.200.000 (dois
milhões e duzentos mil) professores. E, 48.800.000 (quarenta e oito milhões e
oitocentos mil) estudantes matriculados no Ensino Básico, ou seja, um quarto da
população do país. Acrescente-se a esse número os estudantes de nível superior.
Diante desses dados, cabe perguntar: Que consequências sociais, políticas,
econômicas e éticas teríamos no país, se efetivamente todos nós educadores, em
nossas escolas, efetivamente garantíssemos a aprendizagem e, consequentemente,
o desenvolvimento dos nossos educandos? Essa é a questão que desejo abordar
nesse texto. Mais que isso, desejo abordar compreensões e recursos para uma
prática de ensino eficiente a serviço do bem de todos nós cidadãos desta nação.
02 - COMO SE PROCESSA A APRENDIZAGEM
EFETIVA POR PARTE DO ESTUDANTE
O objetivo da
escola é ensinar “para que os estudantes efetivamente aprendam”. Todas as atividades
humanas destinam-se a produzir os resultados positivos desejados. Ninguém de
nós age, apostando no insucesso de nossa ação. Em sã consciência, ninguém de
nós coloca resultado negativos como objetivo de nossa ação.
Os resultados
propostos e desejados de nossa ação pedagógica, no seio de nossas escolas, são
a aprendizagem de nossos estudantes, segundo o currículo estabelecido, e o seu
consequente desenvolvimento. Para investir na busca do sucesso em nossas
práticas de ensino, de início, importa compreender como o estudante aprende,
afim de que possamos agir com base nessa compreensão.
A aprendizagem
constrói dentro de nós, como também dentro de nossos estudantes, as habilidades
necessárias para estar e agir no mundo da forma mais satisfatória possível. As
aprendizagens constroem os algoritmos neurológicos de nossas habilidades
mentais, afetivas, emocionais e motoras. Para tanto, importa que o
ensino-aprendizagem tenha a característica fundamental de realizar-se
ativamente. Nosso sistema nervoso cria os algoritmos de memória, a serem
utilizados quando necessário, de forma, ao mesmo tempo, compreensiva e ativa.
Tendo em vista
praticar um ensino-aprendizagem ativo, importa ter presente os passos que se
seguem.
(01) Uma aprendizagem ativa pela exposição de conteúdos novos. O
responsável por trazer os conteúdos novos, herdados da experiência
sociocultural anterior da humanidade é o educador, subsidiado pelos recursos
didáticos. O educador pode expor oralmente novos conteúdos, mas também pode
servir-se de recursos que levem novos conteúdos aos estudantes, tais como
livros didáticos ou não, documentários, tapes, filmes... A exposição é o meio pelo qual o educador faz a mediação entre as
heranças socioculturais da humanidade e o estudante, que vai aprender ---
adquirir habilidades ---, através dessa mediação.
(02) O segundo passo da aprendizagem é a
assimilação dos conteúdos expostos. Para aprender “ativamente”, importa que
o estudante assimile o novo conteúdo e, para isso, necessita do suporte do
educador. Observar que, na assimilação, o estudante passa a ser o personagem
principal da aprendizagem. Afinal, é ele quem aprende. O professor dá-lhe
suporte. Suporte, aqui, significa auxiliar o estudante a compreender o que foi
exposto, tomando posse inicial desse conteúdo. Diz-se “inicial” devido ao fato
de que, nesse estágio, o estudante somente assimilou os conteúdos exposto, ou
seja, compreendeu o quem lhe fora comunicado.
(03) O terceiro passo necessário da aprendizagem
é a exercitação orientada pelo educador. O professor cria os exercícios
articulados com o conteúdo exposto e a ser aprendido pelo estudante, ao mesmo
tempo que o orienta, corrige, reorienta. O estudante, ao exercitar os conteúdos
novos, torna-os propriamente seus, transformando-os em habilidades. A
construção de habilidades depende de exercitação em todos os campos da vida
humana, desde que o ser humano é um ser ativo.
(04) O quarto passo está comprometido com a
aplicação dos conteúdos aprendidos. Após tornar-se senhor de um conteúdo
novo, através da assimilação e da exercitação, o educando pode, então, realizar
aplicações desse conteúdo em diversos campos da vida. A aplicação de um
conteúdo em variados campos da vida amplia uma habilidade adquirida, devido o
estudante perceber que aquela habilidade possibilita outras possibilidades de
compreensão, assim como de ação.
(05) O quinto passo está comprometido com a
re-criação dos conteúdos aprendidos. Após o aprendiz adquirir uma
habilidade (compreensão teórica + modo de agir), mediada pela exposição +
assimilação + exercitação + aplicação, está apto a recriar uma determinada compreensão
como uma determinada habilidade; e, então, poder servir-se de sua aprendizagem
de modo pessoal e segundo suas necessidades. Esse passo da aprendizagem pode
ser traduzido pela afirmação: “Já sei isso e, então, posso recriar essa
compreensão e essa prática tendo em vista novas e emergentes situações”. O
aprendido garante a possibilidade de sua re-criação.
(06) O sexto passo é a elaboração da síntese.
Todos os passos da aprendizagem, sinalizados anteriormente, conduzem à síntese,
que representa a posse plena de um conhecimento novo; é a integração ordenada
das múltiplas facetas de uma aprendizagem como um todo. A síntese nem sempre
será realizada no decurso das aprendizagens escolares, desde que estas são
parciais. Usualmente, devido expressar uma integração de partes, a síntese demandará
mais tempo, assim como maturidade psicológica e cognitiva por parte do
estudante ou do profissional.
Importa observar
que, à medida que os passos do ensino-aprendizagem seguem o seu curso, o
aprendiz (estudante) vai tomando conta do processo e o educador vai
acompanhando e dando suporte para que o estudante faça seu caminho de
conhecimento e, pois, constitua sua autonomia e sua independência. A concepção
piagetiana do ensinar-prender está comprometida com a construção da autonomia
do estudante: inicia uma aprendizagem dependente do professor e a conclui com
sua autonomia.
No primeiro passo
--- exposição ---, o professor tem o predomínio; contudo, do segundo passo em
diante, quem tem o predomínio ativo é o aprendiz; afinal, é ele quem aprende,
estruturando seu próprio algoritmo neurológico relativo à habilidade adquirida,
registrado na memória dentro de si, no seu sistema nervoso.
Os algoritmos
neurológicos da memória (que serão acessados na vida cotidiana, quando
necessários) são construídos --- por meio dos milhares e milhares de sinapses
--- no seio do sistema nervoso do estudante, pela sua ação de aprender. O
professor será seu parceiro nesse caminhar pela aprendizagem.
Os passos, acima
indicados, no processo de ensinar e aprender, não necessariamente seguirão a
sequência de passos 1º, 2º 3º..., nessa referida ordem. Pode-se tentar iniciar
por qualquer um deles, contudo, a aprendizagem efetiva dependerá de todos eles.
Podemos iniciar por uma atividade (exercício ou aplicação) e, então, o estudante
perguntará --- “mas, como se compreende isso?” --- e, então, haverá necessidade
de se retornar à exposição (= retomar a herança sociocultural já trilhada e
elaborada pela humanidade, que contém os conceitos dos quais se está
necessitando. Poderá se iniciar por uma “síntese” e, então, haverá necessidade
de se retomar “as partes” para se compreender a síntese. Então, o que importa
não é a ordem dos passos, mas sim que eles sejam utilizados, a fim de que a
aprendizagem consistente e satisfatória se dê.
03 – ATITUDES DO EDUCADOR NO PROCESSO DE
ENSINAR E APRENDER
Antes de mais
nada, para uma prática educativa escolar consistente, importa uma postura necessária do educador. O
educador necessita ir para a sala de aula ou para seus estudantes despido de todo
e qualquer preconceito, com o objetivo claro de que ele vai ensinar e todos os
estudantes sob sua liderança irão aprender.
Sem a clareza e a
posse desse objetivo, o mais comum entre todos nós, educadores escolares, é nos
dirigirmos para a sala de aula ou para os grupos de nossos estudantes com a
certeza de que “somente alguns aprenderão”, supostamente “os mais hábeis”;
outros... certamente ... serão reprovados. A postura do senso comum cotidiano
não oferece nenhum suporte ao educador tendo em vista trabalhar com todos,
servindo-se dos passos do ensinar e aprender, acima indicados.
Já relatei em
múltiplas ocasiões, nas palestras que fiz para variados públicos, que fui uma
criança multi-repetente e que saí dessa situação, em torno dos quatorze anos de
idade, devido um professor de Língua Portuguesa ter dito a mim e a outros
colegas de infortúnio que “se fossemos bem ensinados, aprenderíamos”. E
acrescentou que iria cuidar de todos nós. Desse dia em diante, deixei de ser
repetente em qualquer atividade cognitiva das quais tenha participado. Meu bom
professor de Língua Portuguesa, em seus cuidados pedagógicos com nós, os
repetentes, praticou as posturas que exponho a seguir.
Ensinar significa
apostar que somos capazes de ensinar e que nossos estudantes são capazes de
aprender. Então, qual a razão para as não-aprendizagens e as reprovações?
Dificuldades existirão, mas qual ação humana não se depara com impasses? Se
desejamos sucesso em nossa ação, importa buscar soluções para ultrapassá-los.
Então, a postura
inicial fundamental do educador é: “meus estudantes aprenderão, desde que se
invista efetivamente em seu ensino”.
Com essa postura,
penso que os atos do educador em sala de aula, seguem aproximadamente, os
componentes, a seguir apresentados: acolher, nutrir, sustentar e confrontar.
Acolher significa receber, de coração
aberto, o educando com as qualidades com as quais ele chega a nossa atividade
de ensino (turma de estudantes). Alto, baixo, pele branca, vermelha, negra,
traços indígenas, dos centros das cidades, das periferias, com traços europeus,
africanos, orientais, portador de pré-requisitos cognitivos e socioculturais,
carente desses pré-requisitos... enfim, acolher o estudante como ele chega à
turma com a qual iremos atuar ou com a qual estamos trabalhando. Ele é o nosso
estudante, a pessoa a quem daremos suporte para que aprenda os variados
conteúdos escolares, seguindo os passos do ensinar e aprender, anteriormente
sinalizados.
Ele aprenderá, se
--- de início e sempre --- o acolhermos e, no cotidiano de nossa ação
pedagógica, estivermos atentos às questões metodológicas da aprendizagem ativa,
da qual falamos no tópico anterior deste texto. Acolher o estudante com as
condições que chega em nossa sala de aula; esse é o ponto de partida do
ensino-aprendizagem. Sem o acolhimento inicial e subsequente, não há ponto de
partida nem condição para o ensino-aprendizagem.
Nutrir significa oferecer aos nossos
estudantes a melhor exposição dos novos conteúdos, seguindo os passos do
ensinar e aprender sinalizados anteriormente. Muitos dirão: “Mas, eles não
aprendem”. Como não aprendem, se são neurologicamente saudáveis? Necessitam,
sim, de ajuda, suporte, nutrição paciente e permanente, parceria no caminhar
pela aprendizagem. Então, aprenderão.
Sustentar a experiência de aprender
significa acompanhar o estudante e realimentá-lo todas as vezes que isso for
necessário. Certamente não será somente com uma exposição que o estudante
aprenderá aquilo que estivermos ensinando. Não aconteceu comigo nem com o caro
leitor que a experiência da exposição de um novo conteúdo, de imediato, fosse
plenamente assimilada e aprendida (aquisição da compreensão e habilidade do
novo conteúdo). Em nossas vidas, tivemos necessidade de ajuda e suporte para
aprendermos, nossos estudantes também terão necessidade de ajuda e suporte. A
aprendizagem, como vimos, se faz ativamente e isso demanda sustentação, ou
seja, tempo para os exercícios e orientação constante. Para nos servirmos de um
termo bastante presente em nosso meio cotidiano, há necessidade de um bom e
consistente feedback.
Confrontar significa observar a ação de
aprender dos estudantes e os consequentes resultados alcançados. Em caso
positivo, ótimo, seguimos em frente; em caso, negativo, novos investimentos
para que efetivamente eles aprendam e... certamente aprenderão com os nossos
cuidados. Ninguém aprende sozinho, sempre com o suporte do outro.
Cotidianamente nos servimos das falas e recomendações dos outros. De suas
observações. De seus ensinamentos, através dos livros, meios variados de
comunicação, tais como TV, rádio, livros, documentários, filmes... Um professor
sempre encontrará um meio novo de oferecer suporte ao seu aprendiz, a afim de
que crie suas habilidades. Mas isso é preciso desejar e investir nesse desejo
Enfim, ensinar
eficientemente implica em cuidados permanentes do profissional de educação com
os seus estudantes, afinal, o objetivo de sua ação. A sequência de atitudes ---
acolher, nutrir, sustentar e confrontar --- expressa os sucessivos cuidados que
um educador necessita ter ao exercitar o ensino. Os passos metodológicos do
ensino --- exposição, assimilação, exercitação, aplicação, re-criação e
elaboração de sínteses ---, indicados no tópico anterior deste texto, só serão
bem utilizados se as condutas do educador estiverem configuradas pelas cuidados
imediatamente acima indicados.
04 - AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO COMO PARCEIRA DO
SUCESSO DA AÇÃO DO EDUCADOR
O ato de avaliar
é um “ato de investigar a qualidade da realidade”. Para tanto, importa (01)
configurar adequadamente o objeto da investigação; (02) servir-se, com rigor de
pesquisa, de um recurso técnico de coleta de dados; (03) com os dados coletados
em mãos, proceder uma descritiva do objeto em investigação; (04) qualificar a
realidade descrita através da sua comparação a um padrão de qualidade
considerado como satisfatório.
Caso a descritiva
preencha as variáveis do padrão de qualidade, a realidade será considerada satisfatória. Caso contrário, será
considerada insatisfatória. Neste
caso, caberá ao gestor da ação duas opções (a) aceitar a qualidade da realidade
como está (insatisfatória) ou (b) tomar a decisão de investir mais na ação, de
tal forma que a qualidade da realidade atinja o nível de satisfatoriedade.
Esse conceito se
aplica a todo e qualquer ato avaliativo, inclusive os atos avaliativos no
âmbito da educação.
Então, o ato de
avaliar é um ato parceiro do gestor,
seja para revelar-lhe que sua ação produziu satisfatoriamente o resultado
desejado, seja para revelar-lhe que sua ação ainda não produziu o resultado desejado e que tem a opção de
investir mais, ou não.
Essa compreensão
revela que o gestor da ação tem a responsabilidade de (a) aceitar a qualidade
da realidade como está --- seja ela positiva, ou não --- (b) como também a
responsabilidade de não aceitar a qualidade da realidade como ela se encontra,
com a consequente responsabilidade de tomar a decisão de investir mais, e mais,
até que a realidade atinja a qualidade satisfatória desejada e necessária.
Caso a opção do
gestor seja de aceitar a qualidade da realidade como está, ele encerra a possibilidade de investimento, desde que está
assumindo que a qualidade presente permanecerá como está, sendo satisfatória ou
insatisfatória, ou seja, decide extinguir os investimentos na ação em curso.
Aceitar a qualidade como está implica na classificação
da realidade como se encontra, seja ela positiva ou negativa. Esse modo de agir
expressa um modo classificatório de servir-se dos resultados da investigação
avaliativa.
Caso, por outro
lado, a opção do gestor seja de investir mais, e mais, na realidade, até que
ela atinja a qualidade desejada, ele estará fazendo um uso diagnóstico dos resultados da investigação avaliativa.
Em síntese, a
investigação avaliativa propicia ao gestor da ação duas opções: (01) encerrar a
ação com a qualidade que ela se encontra positiva, ou negativa; (02) após a
constatação de uma qualidade insatisfatória, continuar a investir na ação,
tendo em vista conduzi-la a um resultado satisfatória.
Portanto, cabe ao
gestor da ação servir-se dos resultados da investigação avaliativa de modo classificatório ou de modo diagnóstico, sendo que o primeiro
implica em dar a ação por encerrada e o segundo modo de uso do resultado da
investigação avaliativa implica na continuidade da ação.
Na prática
cotidiana ou não prática da avaliação em situações específicas --- como pode
ser a educação --- existem as duas possibilidades de uso dos resultados e elas
estão e estarão sempre presentes como possibilidades. Caberá a gestor da ação a
decisão de como servir-se dos resultados da ação.
Aplicando essas
compreensões à prática educativa, seja lá qual for o objeto da investigação
avaliativa --- a aprendizagem em sala de aula, a instituição educacional ou o
sistema de ensino (avaliação de larga escala) ---, ela será sempre a parceira
do gestor. Não é a avaliação que, por si, é classificatória ou diagnóstica. Ela
simplesmente investiga e revela a qualidade da realidade. O gestor da ação é o
sujeito da decisão do seu uso classificatório ou diagnóstico, ciente de que o
uso classificatório encerra uma ação e o uso diagnóstico está a serviço da
construção da realidade até que ela apresente a qualidade satisfatória
desejada.
05 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
(a) Se nós educadores desejamos colocar a prática
educativa a serviço da democratização social, importa que ela seja eficiente,
isto é, que todos estudantes aprendam aquilo que tem a aprender e, por
aprender, se desenvolvam. Então, todos adquirem recurso para buscar o seu lugar
na vida social em pé de igualdade.
(b) Para tanto, importa que, conscientemente, nos
sirvamos de passos metodológicos fundamentais --- exposição, assimilação, exercitação,
aplicação, re-criação, construção de síntese --- para que a efetiva
aprendizagem se dê a contento.
(c) Para exercer um ensino, com os passos
metodológicos traçados, onde todos os estudantes aprendam, importa que o
educador assuma conscientemente, como suas tarefas cotidianas, acolher, nutrir,
sustentar e confrontar os estudantes em seu caminhar pela aprendizagem dos
conteúdos com os quais estiver trabalhando.
(d) Por último, importa que o educador veja e
sirva-se do ato de avaliar como uma investigação da qualidade da aprendizagem
dos seus estudantes, revelando-lhe as possibilidades de (a) aceitar a qualidade
da realidade como está (uso classificatório dos resultados da investigação
avaliativa) ou de (b), em verificando uma qualidade insatisfatória, decidir por
investir mais, e mais, em sua ação pedagógica até que a aprendizagem de todos
os seus educandos atinja o nível de satisfatoriedade.
Então, aqui, a avaliação expressa-se como a
parceira do educador na busca e
construção do resultado satisfatório desejado. Ele lhe revela a qualidade da
realidade, a decisão lhe pertence. Nesse contexto, não há como não atribuir a
decisão de buscar a qualidade satisfatória da aprendizagem ao educador como
gestor da ação educativa. Há que se apostar no fato de que a formação
consistente de todos os nossos educandos como um recurso de democratização
social.
O convite desse texto é para que todos nós
educadores --- que compomos o total de dois milhões e duzentos mil
profissionais da educação básica, espalhados pelas cento e oitenta mil e cem
escolas, implantadas nos mais variados rincões deste país --- atendamos todos e
cada um dos nossos educandos com as posturas
apropriados ao ensino e com o rigor
metodológico necessário à prática de ensinar-aprender. Afinal, uma atividade
profissional pela cidadania, pela busca da democratização social.
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Este texto é um importante complemento para a reflexão sobre a avaliação, considerando que provas ou testes não representa a apreensão do conhecimento.
ResponderExcluirGrato, Goreti. Bons estudos.
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