Cipriano Luckesi
(OBS - Tratando da avaliação da aprendizagem e disciplina comportamental).
Aqui e acolá, ouço essa expressão: “Como professor, eu sou exigente com meus alunos. Quero que eles aprendam, por isso...”.
Também ouço: “Esta escola é exigente com seus estudantes, por isso, eles se esforçam nos estudos...”.
Aqui e acolá, ouço essa expressão: “Como professor, eu sou exigente com meus alunos. Quero que eles aprendam, por isso...”.
Também ouço: “Esta escola é exigente com seus estudantes, por isso, eles se esforçam nos estudos...”.
Assistindo um telejornal, que
trazia uma matéria sobre educadores escolares no Brasil, novamente ouvi o
depoimento de um professor, considerado um bom professor, que dizia: “Sou
exigente com os estudantes. Eles têm que aprender tudo certo...”
Essa expressão “sou exigente”
deve ser esclarecida conceitualmente. O “ser exigente”, no uso cotidiano, é
entendido como rígido, autoritário, disciplinador.
No entanto, fico a pensar que
todo educador deveria ser exigente em relação ao resultado a ser atingido por
seu exercício profissional, ou seja, que todos os estudantes, por ele liderados,
numa sala de aula, aprendam efetivamente o que necessitam aprender. Esse desejo
e a dedicação, para que os resultados da ação pedagógica sejam alcançados como
deveriam sê-lo, não têm nada a ver com “rígido, autoritário, disciplinador”.
Tem a ver, sim, com o
investimento do educador, seja no que se refere a sua capacitação em relação
aos conteúdos que ensina, seja sua capacitação nos recursos metodológicos que
utiliza, para que o estudante efetivamente aprenda o que necessita aprender.
Então, “ser exigente na prática
pedagógica escolar” significa, no dia a dia da relação com os educandos,
investir o que for necessário para que todos aprendam os conteúdos ensinados
(sejam informações, procedimentos ou atitudes).
Isso significa que o educador é
exigente no que se refere à qualidade do seu próprio exercício profissional e
que só se dá por satisfeito quando todos os seus estudantes aprenderam o que
deveriam ter aprendido. Enquanto não aprenderam o que deveriam ter aprendido, o
educador continua sendo exigente na busca do resultado desejado, isto é,
investindo mais... e investindo mais...
Caso não se compreenda dessa
forma a expressão “ser exigente na prática pedagógica escolar”, continuaremos a
afirmar que o único responsável pelo fracasso escolar é o educando. E,
creio eu, já é tempo para abrirmos mão
dessa postura.
Desde os anos 1980, o mundo
descobriu e passou a entender que o sistema escolar é o responsável pela qualidade
do ensino. No Brasil, temos o Saeb, a Prova Brasil, Enem, Enad, Ided, como
instâncias postas para investigar e revelar a qualidade do sistema de ensino. O que falta para nós educadores,
que atuamos na escola, entendermos que somos parte do sistema ensinante (sistema de ensino, responsável pelo ensino) e não do sistema aprendente (estudantes, aprendizes)?
O convite, aqui posto, é para que:
01. abramos
mão da compreensão de senso comum de que “ser exigente é ser rígido com o outro”
e, aqui, no caso, com os estudantes;
02. e
passemos a compreender que “ser exigente na prática pedagógica escolar --- como
em qualquer outra atividade profissional --- significa investir o necessário
para que os resultados da ação sejam compatíveis com os pré-estabelecidos e
desejados”.
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