domingo, 30 de novembro de 2014

80 - A questão da justificativa frente às dificuldades em obter sucesso na prática educativa escolar


Cipriano Luckesi


Ainda sobre proatividade na prática educativa escolar e na prática da avaliação como subsidiária do sucesso. Esse tema revela a todo gestor a necessidade de investir mais, e mais, se deseja sucesso em sua atividade.

Em várias oportunidades, estando partilhando conhecimentos sobre avaliação da aprendizagem, em conferências, seminários, simpósios, vem uma pergunta, enviada por um participante, mais ou menos assim: “Você aborda a avaliação como se ela se desse sem as interveniências das circunstâncias, tais como as condições sociais de onde vem e onde vive o educando, as condições de trabalho do educador, tais como número de estudantes por turma, carga horária, salario, entre outras”.

Escuto essa argumentação e me sinto solidário com quem a faz, desde que, de fato, temos condições adversas à execução de nossas atividades como docentes em nossas escolas, seja pelos determinantes psico-sociológicos de nossos educandos, seja pelos determinantes de nossas condições de trabalho.

Contudo, olhando pela perspectiva de que, como educadores em sala de aula, somos “gestores da sala de aula”, ou seja, somos profissionais que nos propomos a produzir resultados positivos com nossa ação --- afinal, “gestar resultados positivos” --- convido os presentes às palestras, conferências, simpósios a pensarem na necessidade de nos apegarmos à solução para os impasses com os quais nos confrontamos, ao invés de nos apegarmos às dificuldades que encontramos.

É certo e óbvio que temos múltiplos impasses que dificultam nossa ação de educadores nas instituições educativas, às quais estamos vinculados. Qual é o profissional que não se depara com impasses em sua ação?

Contudo, se nossa atenção permanecer prisioneira dos impasses, não haverá saída, à medida que, permanentemente, estaremos utilizando os impasses e dificuldades para justificar os insucessos de nossa ação.

Importa, pois, diante das dificuldades, reconhecer que elas existem e quais suas características e, então, colocar a atenção nas soluções. Reconhecer a existência de impasses é necessário e saudável; permanecer apegado a eles é desnecessário e doentio.

Olhar para as possibilidades de solução dos impasses parece-me ser o melhor caminho de escolhas em nossa vida, seja na vida profissional, seja na vida em geral. “Sentar-se e lamentar” não ajudará muita coisa na vida.

O que ajudará é a “proatividade”, isto é, entrar em contato com o problema, sem perder-se nele --- sem ser tomado por ele --- e, a seguir, encontrar a melhor solução possível. Poderá ocorrer que uma solução, que encontramos, não seja a mais pelna, mas será solução e, então, dela virão resultados positivos que nos estimularão a buscar mais, e mais, outras soluções.

O contrário disso, é o apego aos problemas. Então, eles parecem justificar nosso freio nos investimentos na busca de novas soluções. A frase mais comum é: “Como vou investir tanto, se as circunstâncias apresentam tantos impasses?”. Afirmação que parece justificar os baixos resultados de nossa ação.

Porém, é o contrário que contém a compreensão válida: “Problemas existem, quais as soluções?”

Para justificar nossas dificuldades em transitar do ato de examinar para o ato de avaliar nas escolas, encontraremos muitas justificativas, tais como: a estrutura do sistema escolar, turmas numerosas de estudantes, condições insatisfatórias de trabalho, condutas indisciplinadas dos estudantes, carência de envolvimento emocional dos estudantes nas atividades de estudo... Todavia, caso nos apeguemos a essa “floresta de justificativas”, não encontraremos uma “única árvore” que pode nos salvar do vendaval.

Estarmos atentos à solução nos colocará na direção justa do sucesso em nossas atividades.

Impasses? Sempre os teremos. Importa saber se nos dispomos a ultrapassá-los. Afinal nossa criatividade tem, que finalidade?

Tenho citado a experiência da cidade de Cocal dos Alves, no norte Estado do Piauí, como uma experiência bem sucedida de investir na solução e não os problemas.

Relembro-a aqui, convidando os leitores a entrar em contato com ela. Cocal dos Alves é uma cidade com aproximadamente cinco mil habitantes e com sucessos significativos e invejáveis nos resultados das atividades escolares.

Caso o leitor se sinta atraído pelo relato de uma experiência de olhar para a solução, ao invés de apegar-se ao problema como justificativa para os baixos resultados na própria ação, encontre, através de um buscador da internet, como o Google por exemplo, vários sites que oferecem informação sobre a experiência de Cocal dos Alves, com depoimentos de estudantes, de profissionais da educação, inclusive de Fernando Hadadd, quando Ministro da Educação.

Para tanto, basta colocar em um buscador da internet a expressão --- Educação em Cocal dos Alves --- e estará diante de múltiplos sites sobre o tema. O mesmo poderá ocorrer buscando --- YouTube + Educação em Cocal dos Alves.

Então, é só deliciar-se!

O que se vê nessas matérias jornalisticas é invejável, em termos de compreensão, cuidados e investimento. Tudo muito simples, mas dedicado e eficiente. Nada mais do que "ensinar bem para que os estudantes aprendam bem".

Os resultados estão expressos na alegria e dedicação dos estudantes, nos resultados em olimpíadas (já são muitas as medalhadas obtidas pelos estudantes), no acesso à universidade, assim como na vida pessoal de cada estudante, de suas famílias e da cidade.

Com desejo e dedicação, tudo é possível.





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Um comentário:

  1. Certa vez um amigo me disse que nós temos o péssimo hábito de agir apenas nos efeitos e nunca sobre as causas. É verdade! Nós já sabemos as causas, o que nos falta é vontade de agir sobre elas. Precisamos efetivamente investir nos resultados desejados, e é observando a nossa própria prática que poderemos encontrar uma grande oportunidade de aprender e encontrar soluções possíveis, não é mesmo professor? Grande Abraço!

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