Salvador, 15 de novembro de 2012
Cipriano Luckesi
Até finais dos anos 1980 e inícios dos anos 1990, predominantemente, na
prática educativa, considerávamos que o responsável pelo fracasso escolar era o
educando. Era ele que não desejava ou não investia em sua aprendizagem, por
isso era eventualmente ou sucessivamente reprovado.
Por esses anos, no mundo e no Brasil, começou-se a perceber que o
sistema de ensino também poderia ser o responsável pelo fracasso escolar.
Então, timidamente, para além da avaliação da aprendizagem, iniciamos a pensar
e ensaiar práticas avaliativas que fossem para além da aprendizagem em sala de
aulas, chagando, hoje, às práticas de avaliação institucional e de larga
escala.
A compreensão de que a qualidade da aprendizagem do educando, em primeiro
lugar, depende da instituição que oferece o ensino se ampliou e abrimos as
portas para esses novos campos da avaliação em educação.
O panorama da avaliação educacional, no Brasil, sob a ótima sistêmica,
pode ser assim descrito, de forma bem geral. Iniciamos esse novo olhar sobre a
avaliação em educação pelo Ensino Superior. Em 1982, a Andes - Associação
Nacional dos Docentes do Ensino Superior propôs a avaliação institucional, como
um recurso subsidiário da melhoria do desempenho de cada instituição. Em 1983,
o MEC institui o PARU – Programa de Avaliação da Reforma Universitária. Em
1993, foi criado o PAIUB – Programa de Avaliação Institucional da Universidade
Brasileira. Em 1996, foi implantado o Exame Nacional de Curso, popularmente
denominado “Provão”, que, em 2004, transformou-se no SINAES – Sistema Nacional
de Avaliação do Ensino Superior. Em termos de datas iniciais, seguimos pelo
Ensino Básico. O Sistema de Avaliação do Ensino Básico — SAEB — foi criado em
1988, com sua primeira aplicação em 1990, que, do ponto de vista da avaliação
da educação no país, sofreu os aperfeiçoamentos com a Prova Brasil (2005) e com
o IDEB — Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (2007). Por último,
chegamos ao Ensino Médio. Em 1998, foi implantado o ENEM – Exame Nacional do
Ensino Médio; cuja expressão atual decorre do denominado “novo Enem” (2009).
Esse panorama de acontecimentos e datas revela que o país deixou de crer
que somente os educandos são os responsáveis pelo seu sucesso ou seu fracasso
na escola. O sistema também pode fracassar. E, se se deseja uma efetividade
satisfatória nos resultados, há que se utilizar os dados da avaliação para
proceder aos investimentos necessários para que resultados cada vez mais
satisfatórios possam ser alcançados.
Dentro dessa perspectiva, os três níveis de avaliação em educação
citados são necessários: (01) “a avaliação da aprendizagem” que tem por
objetivo diagnosticar, acompanhar e certificar o educando em seu percurso de
aprender na vida escolar. Importa o sucesso de cada um e de todos os educandos
em suas aprendizagens e seus consequentes desempenhos; (02) importa, por outro
lado, que a “instituição” esteja constantemente avaliando-se e sendo avaliada,
cujos resultados devem subsidiar novas e necessárias decisões, tendo em vista
que seu desempenho, como instituição, apresente resultados cada vez mais
satisfatórios, o que significa que os educandos, que passam por ela, aprendam o
que necessitam aprender; (03) por último, há que se olhar para o “sistema
nacional de ensino”, no que se refere à sua qualidade e eficiência. Chegamos,
então, ao âmbito da “avaliação de larga escala”, o que implica que o país
inteiro esteja atento aos resultados de suas variadas atividades institucionais
de ensino. O país necessita de cuidar de sua educação em todas as instâncias,
desde as políticas públicas, passando pelos projetos e financiamentos, chegando
à sala de aula e aos educandos.
Todas essas formas de avaliação são fundamentais para a educação no
país. A avaliação da aprendizagem nos permite acompanhar nossos educandos
individualmente em suas aprendizagens, carências e necessidades de ajuda em seu
percurso de formação; a avaliação institucional é a aliada dos gestores da
educação na busca da efetividade significativa de suas instituições seja no
atendimento aos educandos, seja também na elevação sociocultural da comunidade
onde se encontra situada; e, por fim, a avaliação de larga escala nos retrata
como país está no que se refere à qualidade do ensino e sua efetividade. Esses
três níveis de avaliação são necessários para que, de um lado, olhemos para
nossos educandos, mas também para o sistema de ensino que os atende. Se se
deseja qualidade, não há como fugir dos atos avaliativos, pois que eles nos
dizem se os resultados de nossa ação já são satisfatórios oi se exigem mais e
mais investimentos, sejam eles financeiros ou de efetiva ação institucional e
pedagógica.
Importa observar que a avaliação de larga escala se inicia com a turma
de estudantes, atendida por cada professor. Nesse sentido, em nossas salas de
aula, não basta avaliar a aprendizagem individual de cada educando. Isso é
essencial, mas será pouco, se, de imediato, não olharmos para o desempenho da
turma como um todo na qual está matriculado um determinado estudante.
A exemplo, vamos relembrar que, se, em uma turma com 40 estudantes, 10
estudantes, numa escala de qualificações que vai de 0 (zero) a 10,0, obtém
qualificação 7,0 ou superior a essa qualificação (qualificações necessárias
segundo o padrão de uma determinada escola ou de um subsistema) e os outros 30
obtêm qualificações abaixo de 7,0, chegando até o 0 (zero), há alguma coisa que
não está bem no ensino e na aprendizagem dessa turma.
Se o mínimo necessário é que todos obtenham a qualificação 7,0, deve-se
investir para que todos cheguem a esse patamar. Se esse é o mínimo necessário,
todos devem chegar a esse patamar e, para tanto, haverá necessidade de
investimento.
Então, a avaliação da turma, portanto, para além da avaliação da
aprendizagem individual, é o início da avaliação de larga escala, o que coloca
a questão de que, junto com o educando individual que fracassa, o sistema
fracassa, pois que ele é o responsável pela produção de efeitos significativos
na educação.
O educador, em sala de aula, atendendo aos educandos na turma ou
individualmente, do ponto de vista ascendente, é o primeiro elo do sistema de
ensino e, na direção descendente, ele é o seu último elo. O “sistema” necessita
de cuidar das “instituições” (escolas) para que estas cuidem dos “educadores” e
estes cuidem dos “educandos”. O sucesso depende da cadeia inteira de
responsabilidades e a avaliação é e deve ser a aliada de todos, subsidiando as
mais diversas e variadas tomadas de decisões, tendo em vista o sucesso.
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11 - Avaliação: instrumentos de coleta de dados I
ResponderExcluirO método de avaliação e muito boa, mais deveria ter algo depois da avaliação que ajudasse as escolas a melhora o ensino procura nas escolas com baixa índice de nota soluções para melhora não só classifica a escola que tem desempenho abaixo do previsto e não ter um projeto de uma melhor qualificação e um projeto de uma melhora no desempenho de nota dos alunos.
ResponderExcluirAvaliação da aprendizagem, institucional e de larga escala
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