Esse texto foi publicado anteriormente no Blog Terra em 25/2/2009
Cipriano Luckesi
Cipriano Luckesi
O ato de avaliar,
compreendido operacionalmente como “investigar a qualidade dos resultados de
nossa ação, tendo em vista intervir para sua melhoria”, está presente em todos
os nossos atos, pois que nenhum ser humano, por si, aposta no insucesso de sua
ação, até mesmo aqueles que agem de modo moralmente escuso desejam que seus
atos produzam resultados positivos (positivos para eles, ainda que em
detrimento dos outros)
Assim sendo, o ato de
avaliar é plenamente humano, até mesmo de modo espontâneo, fazendo parte do
cotidiano de cada um de nós em todas as nossas ações.
Porém,
intencionalmente, buscamos resultados planejados. Neste caso, os atos de
avaliar também subsidiam a busca de resultados positivos, contudo também de
forma intencional e planejada. Os atos avaliativos acompanham os modos de agir.
Numa ação espontânea, ela é espontânea; numa ação intencional, ela é
intencional.
Planejar significa
clarear desejos, ou seja, definimos com clareza e precisão os resultados que
desejamos obter. Na escola, infelizmente, planejamento tem sido sinônimo de
“preenchimento de formulário”. No início do ano letivo, usualmente, as escolas,
através de seus diretores, coordenadores, supervisores, exigem que seus
professores façam o planejamento do ensino do ano letivo.
Então, é distribuído
um formulário que contém várias colunas: objetivos, conteúdos, atividade de
ensino, tempo, atividades de avaliação. Usualmente, esse formulário,
na semana pedagógica, começa a ser preenchido pela coluna dos “conteúdos”,
através de uma transcrição do índice do livro didático. A seguir, os objetivos
são inventados em conformidade com os conteúdos, e assim por diante… Isso
significa preencher formulário e não planejamento.
Planejar significa
clarear o desejo do que se quer obter como resultado positivo. Sem essa clareza
do que se quer, como ponto de chegada, não se chegará a lugar algum.
Evidentemente que o desejo clareado necessita de ser acompanhado da definição
do conjunto de ações que fará dele uma realidade. Clareado o desejo, traça-se o
modo, o caminho de como atingi-lo.
Os resultados
desejados não serão atingidos sem uma ação efetiva, que os produza. Muitas
vezes, o ato de planejar se encerra nele mesmo. Diz-se que “quando desejamos
verdadeiramente alguma coisa, o universo se coloca a nosso favor”. Acredito que
o “universo se coloca a nosso favor, quando clareamos o que
desejamos e agimos para concretizá-lo”. Sem uma ação efetiva,
nossos desejos permanecerão tão somente como desejos, nada mais que isso.
Existe aquela
situação cotidiana, onde alguém diz: “Gostaria tanto de um dia ganhar na Mega
Sena. Gostaria muito que Deus me ajudasse nisso”. Então, lhe perguntamos: “Você
joga sempre na loteria?” E a pessoa nos responde: “Nunca…” Se quer que Deus
ajude, pelo menos deve dar uma ajudazinha a Deus: apostar! Sem ação efetiva,
não há possibilidade de nenhum resultado positivo.
Mas, ação planejada,
sem acompanhamento, pode chegar a resultados que não desejamos. Toda ação, para
atingir, os fins desejados, necessita de um rigoroso acompanhamento.
Assim sendo, a ação
planejada exige uma prática avaliativa intencional e planejada, ou seja, exige
cuidados metodológicos na proposição dos atos avaliativos, na seleção dos
instrumentos que permitirão coletar os dados necessários para a avaliação;
exigirão cuidados metodológicos na construção dos instrumentos, na sua
aplicação, assim como na leitura dos resultados obtidos e na reorientação das
atividades.
A atividade de
avaliativa é uma atividade investigativa, o que significa que ela produzconhecimento sobre
a realidade dos resultados de nossa ação. Deste modo, o ato de avaliar exige
cuidados metodológicos científicos. No caso de ações planejadas, a avaliação
também necessita de ser cientificamente planejada e executada com o mesmo
rigor.
Nos textos anteriores
deste blog, assim como nos artigos do site www.luckesi.com.br, o leitor encontrará
compreensões e sugestões de como agir com cuidados científicos na prática da
avaliação da aprendizagem.
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