Publicado anteriormente no Blog Terra em 14/9/07
Cipriano Luckesi
Cipriano Luckesi
O que foi colocado no texto
anterior deste blog sobre a sistematicidade necessária a ser levada em conta na
construção de um instrumento de coleta de dados para a avaliação pode ser
melhor compreendido. E a isso que vamos nos dedicar neste momento.
Quando procedemos ao planejamento do
ensino, estabelecemos tudo o que vamos ensinar ao educando e o que desejamos
que ele aprenda. Nesse ato, definimos tudo o que é essencial ensinar, por parte
do educador, e tudo o que é necessário aprender, por parte do educando. Agir
sistematicamente no planejamento e na elaboração do instrumento de coleta de
dados para a avaliação da aprendizagem significa seguir aquilo que
estabelecemos como essencial para ser ensinado e aprendido.
Assim, o conjunto de conteúdos e
condutas a serem levados em consideração na construção do instrumento, de certa
forma, já deve estar configurado no momento em que procedemos ao planejamento
do ensino. Lá definimos o que ensinar e como ensinar. A avaliação vai
investigar a qualidade dos resultados. Para tanto, ela necessita coletar dados
de forma sistemática sobre tudo o que foi ensinado e o que o estudante deveria
ter aprendido. A qualidade da sua aprendizagem será detectada através do
instrumento. Para isso, importa que ele seja bem construído, tendo como uma das
suas características cobrir todos os conteúdos ensinados.
Como age um sociólogo ao proceder a uma
investigação? Vamos imaginar que ele tenha por tarefa estudar as
características socioculturais de um bairro de uma cidade. Ele não parte de
imediato para elaborar “algumas” questões (eventuais e aleatórias) que serão
utilizadas para obter dados junto aos seus informantes.
Primeiro, ele estabelece o projeto de
estudo desse bairro e, decorrente desse projeto, elaborará instrumentos para a
coleta dos dados necessários a sua investigação. Para tanto, tomará um papel e
elaborará uma lista de tudo o que necessita de saber dos moradores do bairro,
tendo em vista caracterizá-lo socioculturamente: endereço onde o morador
reside, sexo, idade, escolaridade, religião, participação em clubes sociais,
hábitos de estudo, de leitura, de uso da televisão, do rádio, etc… Somente após
ter bem configurado as suas necessidades de informação é que ele vai escolher o
instrumento ou os instrumentos que irá utilizar. A elaboração das questões,
então, segue uma configuração sistemática de tudo o que se necessita de saber.
Coisa semelhante deve ocorrer com o
educador para saber se o educando deu conta de aprender o que deveria ter
aprendido pelo ensino realizado. Em primeiro lugar, necessita de ter claro para
si o que é que precisa saber sobre o educando (o mapa de conteúdos necessários
à aprendizagem do educando, decorrentes do ensino realizado). Necessita, em
primeiro lugar, de saber que tipo de instrumento coletará os dados que precisa
(nem todos instrumentos são úteis para coletar os dados que necessitamos) . Em
segundo terceiro lugar, necessitará de elaborar as questões que comporão o
instrumento que irá coletar os dados sobre o desempenho do educando, tendo por
base o mapa sistemático de conteúdos a serem incluídos no instrumento.
O uso da sistematicidade na coleta de
dados sobre o desempenho do educando revelará o quanto o educador é cuidadoso
com o ensino, com a aprendizagem e com a avaliação. Um instrumento que não
tenha sido construído sob essa ótica não coletará os dados necessários à
prática da avaliação, devido eles não permitirem uma efetiva configuração do
que o estudante aprendeu ou não aprendeu.
Caso o instrumento não seja construído dessa forma, a coleta de dados realizada com ele distorcerá a realidade da aprendizagem do educando. Não fará uma adequada descritiva do que o estudante aprendeu e do que não aprendeu. Um instrumento mal elaborado e inadequado pode ser um fator fundamental para interferir negativamente na vida de um estudante, ao afirmar, a partir dele, o estado de aprendizagem do educando. Um instrumento, com essa qualidade negativa, pode interferir definitivamente na vida de um educando, reprovando-o indevidamente, por exemplo.
Daí a necessidade de estar atento às regras da metodologia científica para a construção de um instrumento de coleta de dados para a prática da avaliação da aprendizagem.
Caso o instrumento não seja construído dessa forma, a coleta de dados realizada com ele distorcerá a realidade da aprendizagem do educando. Não fará uma adequada descritiva do que o estudante aprendeu e do que não aprendeu. Um instrumento mal elaborado e inadequado pode ser um fator fundamental para interferir negativamente na vida de um estudante, ao afirmar, a partir dele, o estado de aprendizagem do educando. Um instrumento, com essa qualidade negativa, pode interferir definitivamente na vida de um educando, reprovando-o indevidamente, por exemplo.
Daí a necessidade de estar atento às regras da metodologia científica para a construção de um instrumento de coleta de dados para a prática da avaliação da aprendizagem.
Cipriano Luckesi
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