sexta-feira, 17 de outubro de 2014

65 - Prática da avaliação da aprendizagem e notas




Texto publicado anteriormente no Terra Blog, em 24 de abril de 2008.
Cipriano Luckesi


Alguma forma de registro dos resultados da aprendizagem na escola é necessária. Nossa memória viva é frágil e insuficiente para manter ativos tantos dados relativos à aprendizagem dos múltiplos educandos que temos em nossas salas de aula, multiplicados com o passar dos anos letivos que trabalhamos. Não há como nos recordarmos do desempenho de um educando, que freqüentou nossas aulas há dois, três ou dez anos, ou ainda mais que isso.

Em função disso, alguma forma de registro de dados torna-se de primordial importância, pois que ele será o testemunho de que tal estudante passou por experiências de aprendizagem numa determinada escola, em determinado período, cujos resultados apresentavam um resultado satisfatório ou insatisfatório.

Esse registro é testemunho nosso da presença, participação e aprendizagem do referido estudante dentro dessa referida escola. A escola e a sociedade necessitam desses registros como memória do que ocorreu. Por exemplo, pessoalmente, não tenho como me recordar do desempenho de um determinado estudante que freqüentou uma classe minha em 1970. Porém, o registro mantém a memória da qualidade do desempenho que teve naquele momento. É isso que significa o histórico escolar do estudante; ele garante saber qual foi a qualidade do desempenho daquele estudante naquele determinado momento de sua vida.

A forma mais comum de registro tem sido o numérico, que denominamos de “nota” e, usualmente, serve-se de uma escala decimal que varia de 0 m(zero) a 10 (dez). Existem muitas outras escalas, tais como, por qualidades (inferior, regular, bom, muito bom, excelente) ou por letras (SR, IN, MI, MM, MS, S), mas a numérica é a mais comum e a mais universalizada.
Todavia, as notas foram confundidas com a própria qualidade da aprendizagem. Muitas vezes, nós educadores propomos a nossos estudantes uma atividade de estudo para que eles “melhorem a nota’ e não para que “melhorem a aprendizagem”. A nota é simplesmente o registro da qualidade de aprendizagem obtida pelo estudante, mas não é a aprendizagem. Por isso, um educador deveria convidar seu estudante a estudar mais, tendo em vista aprender mais e não para melhorar sua nota.

A melhoria dos resultados da aprendizagem será registrada de alguma forma, todavia, importa ter claro que os registros não são a qualidade da aprendizagem, mas tão somente um modo de manter a memória a respeito da qualidade da aprendizagem que o educando atingiu em um determinado conteúdo específico. O que importa é a melhoria da aprendizagem e não da nota. Contudo, a melhoria da aprendizagem, obrigatoriamente, se traduzirá em uma melhor qualidade da aprendizagem, o que, por sua vez, será expresso por um registro que represente uma qualidade nova da aprendizagem.

A avaliação tem a ver com o acompanhamento do processo e dos resultados sucessivos que o educando vai obtendo em seu percurso de aprender. A nota é o registro é o testemunho do desempenho final desse percurso. Tão somente isso.

Cipriano Luckesi





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