Texto publicado anteriormente no Terra Blog, em 17 de junho de 2009
Cipriano Luckesi
Recebi a seguinte solicitação:
“Olá professor, meu nome é Jorge Luiz,
sou acadêmico do curso de letras no estado de Mato Grosso e estou escrevendo
minha monografia justamente nessa questão "avaliação" com novas
perpectivas para a prática avaliativa, focando a refacção textual, se a
mesma é "aplicada", de uma forma que traga rendimento significativo
ao aluno e se o a aplica como se deveria? o senhor poderia me dar umas dicas ,
uns informes? ah! claro já utilizo do seu material. desde já obrigado.”
Respondi como se segue.
A "refacção textual", se
compreendo bem, significa a reconstrução de um texto, após sua avaliação, ou
seja, ele fora (1) produzido pelo educando, (2) avaliado, (3) refeito.
Se
assim é, a "refacção" significa a reorientação dos rumos da aprendizagem,
após o diagnóstico de resultados parciais ou intermediários.
Pois bem, então, a "refacção do
texto" não é a avaliação propriamente dita, mas sim a intervenção, após um
ato avaliativo.
Observe que o ato de avaliar é uma ato
de investigar a qualidade de alguma coisa. Caso essa
investigação revele fragilidade nos resultados da ação, haverá necessidade de
uma intervenção, tendo em vista sua restauração ou a sua construção em moldes
mais satisfatórios. Caso essa investigação revele já a satisfatoriedade dos
resultados, ocorrerá uma certificação (ou validação) dos
resultados como positivos.
Então, no seu caso, compreendendo a
avaliação como investigação e, se necessário, uma intervenção, importa:
(1) definir com precisão a que
resultados deseja chegar, ensinando construção de texto;
(2) definir que aprendizagens o
educando deve manifestar para que você admita que ele produziu um bom texto
(tendo presente o seu nível de desenvolvimento), ou seja, definir os critérios
de avaliação);
(3) identificar e elaborar
um satisfatório e adequado instrumento de coleta de dados que possa
efetivamente coletar dados de desempenho do educando, possibilitando descrever
sua conduta aprendida; claro, no nível de desenvolvimento em que está, foi
ensinado e aprendeu;
(4) aplicar o instrumento;
(5) tratar os dados (correção e
tratamento);
(6) atribuir qualidade aos resultados
(por comparação entre o desempenho descrito e os critérios de aceitação dos
resultados);
(7) se necessário, praticar uma
intervenção para o aperfeiçoamento dos resultados;
(8) se não se faz necessária uma
intervenção, ocorre, então, uma certificação da qualidade final da conduta
aprendida pelo educando. É esse resultado que necessita de ser registrado nos
documentos escolares, usualmente denominado de nota. A nota só pode vir no
final e não no meio do caminho. Isso obrigará os educadores a efetivamente
investirem na aprendizagem dos educandos e não admitir que uma aprendizagem
"média" já seja satisfatória.
O ato de avaliar, não tem mistérios
quando é assumido como um ato de investigar e, se necessário, intervir. É
um ato científico de investigação. O que você necessita de fazer é demonstrar
como esse processo é eficiente também na aprendizagem da construção de textos
por parte dos educandos escolares.
Atenciosamente
Cipriano Luckesi
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