Publicado anteriormente no Terra Blog, em Salvador, 27 de maio de 2013
Cipriano Luckesi
No texto anterior, publicado neste blog, tratei da questão de como a
avaliação de larga escala no âmbito da educação nacional lança mão, em seus
instrumentos de coleta de dados sobre o desempenho dos educandos, dos conteúdos
de caráter nacional; o que, por vezes, tem sido questionado por educadores
assim como por gestores administrativos de instituições educacionais.
Desejo ampliar um pouco mais a compreensão sobre o que expus no artigo
anterior.
Com algum tempo a mais de prática de avaliação de larga escala no país
e, à medida que autoridades educacionais não utilizem os resultados da
avaliação seja para premiar ou castigar instituições e/ou pessoas, assim como à
medida que os gestores de instituições educacionais entendam que os resultados
da avaliação são aliados na busca de mais significativos investimentos na
educação e, por isso mesmo, de mais efetivos resultados positivos decorrentes
da ação praticada, iremos nos aproximando do entendimento que a avaliação de
larga escala é benéfica, para além de outros fatores, trazen uma sinalização
para todos de que a educação no país, para servir à equalização social, seja de
indivíduos, seja de regiões do pais, deve ter presente que os conteúdos de caráter
nacional são fundamentais.
Eles não podem ser esquecidos nem ser diminuída a necessidade de
investimentos no seu ensino e na sua aprendizagem. Os conteúdos regionais e
locais são importantes para permitir que cada cidadão valorize seu rincão e as
qualidades socioculturais, que os caracteriza. Todavia, eles são restritos
diante das necessidades de adquirir conhecimentos e habilidade emergentes a
partir do conhecimento elaborado.
A avaliação de larga escala, ao publicar os seus resultados, caso
gestores da educação e educadores não se coloquem na auto-defesa, mas abram-se
para aprender mais e, à medida que os poderes constituídos não utilizem esses
mesmos resultados como recursos de castigo ou premiação, teremos oportunidade
de aprender que os conteúdos de caráter nacional, se bem ensinados e bem
aprendidos, possibilitarão que educandos deste país se aproximem, em termos de
desenvolvimento, de educandos de todos os países denominados desenvolvidos.
Permitirão que cada educando amplie seu estado de consciência e compreenda o
mundo de um modo mais largo e abrangente. Afinal, como já lembrei no artigo
anterior, o mundo é maior do que nossa rua, nosso bairro e nossa cidade. Esses
componentes espaço-culturais são fundamentais para todos, mas restrito em
termos de compreensão do mundo.
Importa que nossos educandos tenham acesso a esses conhecimentos e a
essas habilidades, de tal forma que possam colocar-se, em posição de igualdade,
junto a todos os educandos do mundo que têm acesso a esses conteúdos, à medida
que os conteúdos de caráter nacional equiparam-se aos conteúdos de caráter
universal. Ao menos dessa forma deve ser. Então, a equalização será feita pelo
topo dos conhecimentos socioculturalmente significativos e não pelos de menor
amplitude.
Isso não quer dizer que os conteúdos regionais e locais sejam de menor
qualidade ou menos qualitativos. Significa, simplesmente, que eles são
regionais e locais, com seus significados abrangendo esses limites.
Dessa forma, na prática do ensino escolar, importa que os educandos se
apropriem dos conteúdos de todos os níveis, com igual significância e
investimentos, mas também cientes de que os conteúdos de caráter nacional não
podem nem devem ser obscurecidos. Ao contrário, valorizados como necessários.
Acredito que, para além de outros benefícios, a avaliação do sistema
nacional de ensino de larga escala trará, a médio prazo, o benefício de todas
as escolas do país passem a trabalhar extensivamente para que cada educando
deste país tenha em suas mãos os conhecimentos mais significativos obtidos pela
ciência, filosofia, literatura e arte universais; o que, de fato, será benéfico
para todos.
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