Cipriano Luckesi
Pergunta: No seu livro “Avaliação da aprendizagem
escolar”, editado em 1994, você afirmava que a escola operava com verificação e
não com avaliação. E hoje? Você vê alguma mudança na forma como a escola lida
com a avaliação?
Primeiro, uma observação sobre o texto ao qual a pergunta se refere. Esse livro
está composto por um conjunto de artigos escritos em datas diferentes, ainda
que não longe uma da outra. O artigo intitulado “Verificação ou avaliação: o
que pratica a escola?” foi elaborado para um evento na cidade de São Paulo, em
1990, organizado pela FDE – Fundação para o Desenvolvimento da Educação, Estado
de São Paulo, hoje Fundação Mario Covas. Posteriormente, em 1995, esse texto passou
a fazer parte do livro citado.
Neste momento, o texto ainda se encontra dentro do
livro, após passar por uma reelaboração, para sua 22ª edição, realizada no não
de 2012, agora com o título Avaliação da
aprendizagem escolar: estudos e proposições.
Na época, à falta de melhor compreensão, usei a expressão
“verificação”, à semelhança do que hoje, com mais precisão terminológica, venho
sinalizando como “exames escolares”.
O que questionava na época era a atribuição de notas e a
classificação dos educandos, como sendo os limites da “verificação”. Esses, de
fato, são os limites dos exames escolares.
Hoje, compreendo com mais precisão e adequação, a
fenomenologia da prática avaliativa, que tem como seu primeiro passo uma
descritiva da realidade (no caso da escola, a realidade do desempenho do
educando). Efetivamente, a descritiva da realidade, como primeiro passo da
investigação avaliativa, é uma “verificação”, no sentido mais correto e
adequado do termo, cuja origem etimológica latina é “verum fieri” (= tornar
verdadeiro). É preciso que as atribuições de qualidade (avaliação) se assentem
sobre “dados da realidade”, que devem ser verdadeiros, isto é, descritivos da
realidade.
Então, hoje, com mais precisão terminológica, substituiria
naquele texto, o termo “verificação” por “exames escolares”. Não o fiz na
revisão citada, em função da preservação do texto histórico, mesmo porque não
invalida o entendimento que está exposto. Explicitar essa informação
oferece mais precisão à compreensão do que está sendo perguntado.
Isto posto, referindo-me à pergunta elaborada --- a
respeito das mudanças da data do texto para o presente, o que observo,
genericamente falando, é que nós educadores conseguimos novas compreensões
sobre a teoria e a prática da avaliação, contudo estamos longe de transformar
as compreensões em práticas cotidianas em nossas salas de aula. Estamos devendo
esse trânsito da teoria à prática a todos os educandos e à educação em geral. A
avaliação, se praticada e utilizada como investigação da qualidade da
realidade, será nossa parceira no acompanhamento e na sustentação de novas e
sucessivas intervenções tendo em vista a obtenção dos resultados satisfatórios
desejados com nossa ação.
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