segunda-feira, 20 de outubro de 2014

72 - Sobre verificação e coleta de dados para avaliação


Cipriano Luckesi



Pergunta: No seu livro “Avaliação da aprendizagem escolar”, editado em 1994, você afirmava que a escola operava com verificação e não com avaliação. E hoje? Você vê alguma mudança na forma como a escola lida com a avaliação?




Primeiro, uma observação sobre o texto ao qual a pergunta se refere. Esse livro está composto por um conjunto de artigos escritos em datas diferentes, ainda que não longe uma da outra. O artigo intitulado “Verificação ou avaliação: o que pratica a escola?” foi elaborado para um evento na cidade de São Paulo, em 1990, organizado pela FDE – Fundação para o Desenvolvimento da Educação, Estado de São Paulo, hoje Fundação Mario Covas. Posteriormente, em 1995, esse texto passou a fazer parte do livro citado.

Neste momento, o texto ainda se encontra dentro do livro, após passar por uma reelaboração, para sua 22ª edição, realizada no não de 2012, agora com o título Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições.

Na época, à falta de melhor compreensão, usei a expressão “verificação”, à semelhança do que hoje, com mais precisão terminológica, venho sinalizando como “exames escolares”.

O que questionava na época era a atribuição de notas e a classificação dos educandos, como sendo os limites da “verificação”. Esses, de fato, são os limites dos exames escolares.

Hoje, compreendo com mais precisão e adequação, a fenomenologia da prática avaliativa, que tem como seu primeiro passo uma descritiva da realidade (no caso da escola, a realidade do desempenho do educando). Efetivamente, a descritiva da realidade, como primeiro passo da investigação avaliativa, é uma “verificação”, no sentido mais correto e adequado do termo, cuja origem etimológica latina é “verum fieri” (= tornar verdadeiro). É preciso que as atribuições de qualidade (avaliação) se assentem sobre “dados da realidade”, que devem ser verdadeiros, isto é, descritivos da realidade.

Então, hoje, com mais precisão terminológica, substituiria naquele texto, o termo “verificação” por “exames escolares”. Não o fiz na revisão citada, em função da preservação do texto histórico, mesmo porque não invalida o entendimento que está exposto.  Explicitar essa informação oferece mais precisão à compreensão do que está sendo perguntado.


Isto posto, referindo-me à pergunta elaborada --- a respeito das mudanças da data do texto para o presente, o que observo, genericamente falando, é que nós educadores conseguimos novas compreensões sobre a teoria e a prática da avaliação, contudo estamos longe de transformar as compreensões em práticas cotidianas em nossas salas de aula. Estamos devendo esse trânsito da teoria à prática a todos os educandos e à educação em geral. A avaliação, se praticada e utilizada como investigação da qualidade da realidade, será nossa parceira no acompanhamento e na sustentação de novas e sucessivas intervenções tendo em vista a obtenção dos resultados satisfatórios desejados com nossa ação.





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