quinta-feira, 2 de outubro de 2014

41 - Aprofundando: como registrar os resultados da aprendizagem


Texto publicado anteriormente no Terra Blog, em Salvador, 22 de julho de 2013.
Cipriano Luckesi


É interessante observar que as propostas fundantes da educação moderna emergentes nos séculos XVI e XVII orientam os educadores para que ensinem até que os educandos aprendam e estes que transitem de uma lição para outra ou de uma classe para outra, quando efetivamente tiverem aprendido o necessário.

Essa orientação se encontra na Ratio Studiorum(Ordenamento dos estudos, documento da Ordem dos padres jesuítas, publicado em 1599), representando a educação católica; na Leges scholae bene ordinatae(Leis para a boa ordenação da escola, de John Amós Comênio, 1653), representando a educação protestante; e na Condutite a l’usage des écoles chretiennes (Guia para uso nas escolas cristãs, escrita por João Batista de La Salle em 1706 e publicada em 1720), resistematizando a educação católica.

Para esses marcos fundadores da educação moderna, o que valia não eram as notas ou médias de notas — como largamente utilizamos hoje —, mas sim a “qualidade absoluta da aprendizagem”, ou seja, importava que o educando efetivamente aprendesse o conteúdo que fora ensinado, assumindo que o que fora ensinado era essencial para a aprendizagem do educando e, por isso, o educador deveria investir e reinvestir até que os educandos tivessem aprendido o que deveriam aprender.

Retomando essa compreensão, duas considerações são importantes:

01.   Na escola, não basta “dar aulas”, importa efetivamente ensinar, o que implica que efetivamente os educandos aprendam aquilo que for ensiando. Aulas podem ser dadas, mas isso não garante que o educando aprenda. Importa “ensinar” até que efetivamente o educando aprenda. Essa será a atitude que poderá conduzir a escola à democratização do ensino: todos aprendem o necessário, porque efetivamente “ensinado”. 

02.   Se o estudante chega ao “domínio do ensinado” (conhecimentos, habilidades, capacidades e atitudes), o registro da “qualidade da aprendizagem” obtida será simples. Poderá ser um relato das aprendizagens satisfatoriamente obtidas ou, de forma mais simples, o uso de um símbolo convencionado que permita registrar que o educando aprendeu o necessário. Afinal todos devem aprender (e bem) o necessário.


Então, nós educadores, assim como o sistema de ensino, necessitamos de produzir a aprendizagem satisfatória, como denominamos acima: “absoluta” = aprendizagem do necessário. Nunca o “médio” ou próximo do médio, como permite o uso das notas escolares, como temos visto nos artigos anteriores deste blog.






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