Texto publicado anteriormente no Terra Blog, em 24 de abril de 2008.
Cipriano Luckesi
Alguma forma de registro dos resultados da aprendizagem na escola é necessária. Nossa memória viva é frágil e insuficiente para manter ativos tantos dados relativos à aprendizagem dos múltiplos educandos que temos em nossas salas de aula, multiplicados com o passar dos anos letivos que trabalhamos. Não há como nos recordarmos do desempenho de um educando, que freqüentou nossas aulas há dois, três ou dez anos, ou ainda mais que isso.
Em função disso, alguma forma de
registro de dados torna-se de primordial importância, pois que ele será o
testemunho de que tal estudante passou por experiências de aprendizagem numa
determinada escola, em determinado período, cujos resultados apresentavam um
resultado satisfatório ou insatisfatório.
Esse registro é testemunho nosso da
presença, participação e aprendizagem do referido estudante dentro dessa
referida escola. A escola e a sociedade necessitam desses registros como
memória do que ocorreu. Por exemplo, pessoalmente, não tenho como me recordar
do desempenho de um determinado estudante que freqüentou uma classe minha em
1970. Porém, o registro mantém a memória da qualidade do desempenho que teve
naquele momento. É isso que significa o histórico escolar do estudante; ele
garante saber qual foi a qualidade do desempenho daquele estudante naquele
determinado momento de sua vida.
A forma mais comum de registro tem sido
o numérico, que denominamos de “nota” e, usualmente, serve-se de uma escala
decimal que varia de 0 m(zero) a 10 (dez). Existem muitas outras escalas, tais
como, por qualidades (inferior, regular, bom, muito bom, excelente) ou por
letras (SR, IN, MI, MM, MS, S), mas a numérica é a mais comum e a mais
universalizada.
Todavia, as notas foram confundidas com
a própria qualidade da aprendizagem. Muitas vezes, nós educadores propomos a
nossos estudantes uma atividade de estudo para que eles “melhorem a nota’ e não
para que “melhorem a aprendizagem”. A nota é simplesmente o registro da
qualidade de aprendizagem obtida pelo estudante, mas não é a aprendizagem. Por
isso, um educador deveria convidar seu estudante a estudar mais, tendo em vista
aprender mais e não para melhorar sua nota.
A melhoria dos resultados da
aprendizagem será registrada de alguma forma, todavia, importa ter claro que os
registros não são a qualidade da aprendizagem, mas tão somente um modo de
manter a memória a respeito da qualidade da aprendizagem que o educando atingiu
em um determinado conteúdo específico. O que importa é a melhoria da
aprendizagem e não da nota. Contudo, a melhoria da aprendizagem,
obrigatoriamente, se traduzirá em uma melhor qualidade da aprendizagem, o que,
por sua vez, será expresso por um registro que represente uma qualidade nova da
aprendizagem.
A avaliação tem a ver com o
acompanhamento do processo e dos resultados sucessivos que o educando vai
obtendo em seu percurso de aprender. A nota é o registro é o testemunho do
desempenho final desse percurso. Tão somente isso.
Cipriano
Luckesi
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